Na Mármore transcreveram-se as seguintes palavras

Repousam aqui até novas descobertas. O Tempo passa e com ele velhos corpos de textos inacabados. Corpos detestados. Corpos amados. Corpos estendidos no esquecimento de quem os alimentou. Corpos inacabados à espera de um fim. O Cemitério da Escrita é a sua morada. Moram e irão morar até que alguém os queira alimentar de novo. Não é um orfanato… os corpos não estão abandonados. Apenas repousam à espera que alguém os faça crescer, livremente… livremente. Porque todos os corpos nascem para morrer… Enterremo-los decentemente!

Cova Aberta por Nuno Preto

“Os seguranças de palco” Três gajos de fato com óculos de sol estão em cantos diferentes do palco Pl – Over comunica over Pd – Over comunicando termino over Pl – Over-Over comunica over Nn – Over-Over comunicando termino over Pl – Está tudo pronto? Termino Over e Over-Over, over. Nn – Over-Over comunicando. O palco está seguro Repito. O palco está seguro over. Pd – Over comunicando, diz Over-Over, over. Nn – Over-Over comunicando a Over, está tudo calmo, estava apenas a terminar a frase, over. Repito, estava apenas a terminar a frase, over. Pl – Repito comunicando a Over-Over. Está registado Over-Over, over. Pd – Over comunicando. Repito diz over. Pl – Over, Over…over. Pd, Nn – Diz Repito. Over Pl – Repito comunicando a Over e a Over-Over. Estava apenas a dizer “Over” conforme o teu pedido Over, over. Nn – Over-Over comunicando a Repito e a Over. Pl, Pd – Over-Over comunica over. Nn – Noto uma notória falta de comunicação proveniente da origem dos códigos de nome que correntemente estamos a usar, over. Pd – Over comunicando a Over-Over. Estou a ouvir Over, repito estou a ouvir over Pl – Repito comunicando a Over-Over. O que propões que seja realizado para a resulução do problema over. Pd- Diz Repito, over. Pl – Repito comunicando com Over. Estava a comunicar com Over-Over, over. Pd – Over comunicando a Repito. Peço desculpa over. Pl – Repito comunicando a Over-Over repito Repito comunicando a Over-Over. Nn – Comunica Repito, over. Pd – Sim Over-Over, over. Nn – Não é contigo Over, comunico com Repito, over. Pd - Peço desculpa Over- Over, over. Nn – Over – Over comunicando para Repito, comunica Repito, over. Pl – Repito para Over – Over. Estava a perguntar como propões resolver o problema, over. Nn- Over – Over para Repito. Proponho talvez uma mudança de nomes, repito, uma mudança de nomes, over. Pd – Sim eu ouvi Over – Over, over. Pl – Repito para Over. Over – Over falava para mim, over. Pd – Peço desculpa Repito, Over. Pl – Repito para Over – Over, como sugeres essa mudança Over-Over, over. Nn – Over-Over comunicando para Repito. Sugiro que Over passe a chamar-se Repito, Repito Over-Over e Over- Over para Over, repito, Over para Repito, Repito Over-Over e Over- Over para Over, over. Pl – Entendido, repito entendido, over. Nn e Pd – Diz Over – Over, over. Pl – Dizia que a mudança de nomes foi entendida, over. Nn – Over comunicando para Over-Over. A troca foi entendida, Repito, a troca foi entendida, over. Pl – Over – Over para Repito. Podemos realizar o teste? over. Pd – Repito comunicando para Over-Over. O teste poderá ser levado a curso, over. Pl – Testando. Over comunica, over. Nn – Over comunicando, over. Pl – Repito comunica, over. Pd – Repito comunicando, over. Pl – Está tudo pronto Over? Termino Over e Repito, over. Nn – Over comunicando. O palco está seguro, repito: o palco está seguro, over. Pd - Repito comunicando. Diz Over, over. Pl – Over – Over para Repito. Eu não falei, repito: eu não falei, over. Nn – Over – Over eu sei, over. Pd – Repito comunicando a Over, over. Pl – Comunica Repito, over. Pd – Estava a falar com Over, Over-Over… over. Pl – Peço desculpa Repito, Over. Nn – Over para Over-Over … Pl – Comunica, over. Nn – Over comunicando. Over-Over Continuo a notar uma notória falta de comunicação proveniente da origem dos códigos de nome que correntemente estamos a usar, over. Pl – Que proporões que se faça, repito que propões que se faça, over. Pd – Não sei Over-Over, over. Pl – Over-Over para Repito, estava a falar com Over, over. Pd – Repito para Over-Over. Permissão para falar livremente, over. Pl – Permissão concedida, over. Nn – Mas não fui eu que pedi. Foi o Repito, repito foi o Repito, Over. Pl – Eu sei Over, estava apenas a terminar a frase, over. Nn – Peço desculpa Over-Over, over. Pd – Permissão para falar, over. Nn – Permissão concedida, over. Pd – Mas eu estou a falar com o Over-Over, estava apenas a terminar a frase, over. Nn – Peço desculpa Repito, over. Pl – Over-Over comunicando, permissão concedida, over. Pd – Acho que o melhor será trocar de novo de nomes, over. Pl – Talvez tenha razão, over. Nn – Obrigado Over-Over, over. Pd – Mas fui eu que dei a ideia, over. Nn, Pl – Cale-se Repito, over. Pl – Over-Over para Over, qual é a sugestão de mudança de nomes que sugere, over. Nn – Over para Over-Over. Sugiro que Over se passe a chamar Felisbela, Over-Over Idalina e Repito Cidália, repito: Over Felisbela, Over-Over Idalina e Repito Cidália, over. Pl – Idalina para Felisbela. A troca de nomes foi entendida e será desde já levada a cabo. A partir de agora assumiremos os novos nomes de código. Realizaremos desde já o teste. Termino Felisbela, over. Pd, Nn – Entendido Idalina, over. Pl – Cidália comunica, over. Pd – Cidália comunicando, over. Pl – Felisbela comunica, over. Nn – Felisbela comunicando, over. Pl – Está tudo pronto Felisbela? Termino Felisbela e Cidália, over. Nn – Felisbela comunicando. O palco está seguro Idalina, repito, o palco está seguro, over. Pl – Idalina para Cidália. Desse lado tudo calmo Cidália? over. Pd – Cidália comunicando. Deste lado tudo calmo Idalina, over. Pl – Ok, acho que podemos mandar fechar a cortina, over. (a cortina não fecha porque eles os três estão em palco) Pl – Idalina comunicando. Porque é que a cortina não fecha? over. Nn – Felisbela comunicando. Idalina, eu acho que a cortina não fecha porque estamos os três em palco, over. Pl – Idalina comunicando. Como propões que este problema se resolva? over. Pd – Eu proponho que tiremos à sorte Idalina, over. Pl – Cale-se Cidália! Felisbela qual é a tua solução? over. Nn – Eu proponho que tiremos à sorte Idalina, over. Pl – Idalina comunicando. Muito bem Felisbela, óptima solução, over. Nn – Obrigado Idalina, over. Pl – Ok, procederemos à tiragem à sorte. Pim pão pum cada bola mata um prá galinha popirum quem se livra és mesmo tu. (livra-se o Pl) Nn - Pim pão pum cada bola mata um prá galinha popirum quem se livra és mesmo tu. (livra-se o Pd) (vai o Nn fechar a cortina) (Enquanto fecha a cortina ouve-se a musica da banda de rap, que canta a ladainha “pim pão pum cada bola mata um lá em cima do ruando tem um copo com veneno quem bebeu morreu…) (fecha a cortina) (continua a dar a musica)

Cova aberta por Nuno Preto

"A Verdadeira História do Capuchinho Verde" (Musica de entrada, uma musica de desenho animado, alegre, ridiculamente acriançada, com um refrão: “É a História do Capuchinho Verde, uma menina de que não se sabe o nome”) Abre a cortina e estão os pais do capuchinho verde a jantar, instala-se a imagem, entra o capuchinho. C.V- Olá mamã, olá papá. Pai- Olá Capuchinho Mãe- Verde C.V-Mamã, Papá. Mãe- Diz Capuchinho Pai- Verde C.V- Fui à fonte buscar água. Pai- Muito bem Capuchinho Mãe- Verde C.V- Sim, e encontrei sete fontes a jorrá-la. Mãe- A sério Capuchinho Pai- Verde C.V- E como não me decidi por nenhuma trouxe água das sete. (Tira uma garrafa de “Água 7 fentes) Pai- Muito bem Capuchinho Mãe- Verde Pai- Uma salva de palmas para a menina de Auchvitzs. C.V- Mamã, Papá… pelo caminho vi mais uma pessoa a ser decapitada… Pai, Mãe- Oooooohhhh, tadinha da menina. Anda cá. Pai- Não, anda a mim. Mãe- Não, anda a mim Pai- A mim Mãe A mim Pai- A mim Mãe- A mim Pai- A mim minha grande pu/ Mãe- Capuchinho Pai- Verde C.V- Pois… Pai- Anda aqui, senta no colinho do papá que ele vai contar a história das decapitações. (Ela senta-se no colo do pai e ele vai arranjando-a, de modo a que se sente em cima da pila do homem, uma cena discreta) Pai- Era uma vez um menino muito bonito e uma menina muito bonita também, e tinham eles três aninhos e já olhavam um para o outro como se uma grande história de amor soubessem que iam contar. Esses dois meninos cresceram e o menino que se chamava Príncipe jurou casar com a menina que se chamava Princesa. Mãe- Mas um dia uma linda menina chamada Forasteira vinda de uma outra terra encantou o lindo Príncipe que se apaixonou por ela. A menina que amou durante toda a sua vida aquele lindo príncipe, viu-se de repente sem ninguém para amar, pois nunca falou com mais ninguém, sendo o esbelto Príncipe o seu único amigo. Assim, enquanto o esbelto Príncipe ia tendo relações sexuais continuas em todo o tipo de posições com a bela menina chamada Forasteira, a Princesa chorava Pai- Pelos cantos ouvindo os gemidos da menina Forasteira que gritava de prazer em todo o lado. Ao inicio, começou por ser apenas no quarto, mas rapidamente passou para a sala do palácio, para os quartos de banho, cozinha, corredores, dispensas, cavalarias, piscinas, lagos, arvores, telhados, ruas, tascos, planícies, planaltos até no próprio quarto da menina Princesa, tudo no mesmo dia. A menina que amou durante toda a sua vida o menino Príncipe decidiu tomar uma resolução de homem e foi falar com o seu amor de infância. A menina enquanto procurava o menino Príncipe ouve uma conversa entre a menina Forasteira e a sua companheira que se chamava Acompanhante. Mãe- Ouve então a Forasteira dizer que o menino Príncipe ainda não desconfia que o seu verdadeiro nome não é Forasteira, mas sim Rameira e que depois de mais alguns circuitos sexuais pelo palácio ele a irá pedir em casamento e ela poderá ter acesso à sua fortuna e com ela poderá abrir uma casa de acompanhantes de luxo que se chamaria Acompanhantes de Luxo. Alarmada, a menina Princesa decide ir alertar o seu amor, mas não antes sem ouvir a Forasteira que se chamava Rameira dizer rindo “Ele é precoce, porque é que achas que eu vou para a Cavalaria?” Pai- Então a menina decide ir a correr ao encontro do menino Principe que acabara de comprar mais um cavalo a pedido da menina Rameira a que chamou de Garanhão. A Princesa conta-lhe que o verdadeiro nome da menina Forasteira é Rameira e que o que ela quer é apoderar-se da sua fortuna para abrir uma casa de acompanhantes de luxo que se chamaria Acompanhantes de Luxo. Ele não acredita e diz à menina princesa que o que ela tem são ciúmes. Mãe- A menina Princesa desesperada notando que ele não acreditava na sua história diz-lhe que ele é precoce e questiona-o em relação à cavalaria. O menino irado, não tendo acreditado na história que a menina acabara de contar espanca a menina Princesa. o menino Príncipe vai ter com o seu pai que se chamava Rei e exige a expulsão da menina Princesa e então ela é expulsa pelos guardas vivendo nas ruas da amargura enquanto a Forasteira vivia no castelo. No dia do casamento do Príncipe com a Rameira a menina Princesa decide ir ao castelo, pois o Rei ordenara a abertura das portas em todo o seu reino que se chamava “O Reino das Portas Abertas”, entra e sobe a uma das muralhas mais altas do Castelo, e quando o Padre que se chamava Padre pergunta se haveria alguém a opor-se ao casamento a menina Princesa atira-se para baixo, suicidando-se. Pai- O menino Príncipe ao ver o corpo da menina completamente desfigurado, rebentado, jorrando sangue por todo o lado, com alguns membros separados do resto do corpo pega numa espada e suicida-se também. O pai do menino Príncipe que se chamava Rei ao ver o seu filho morto morre com um ataque cardíaco sem antes ouvir uma mulher gritar “Sou a mãe da Princesa e talvez me reconheças, fizemos sexo desenfreado uma vez na casa dos meus Pais, a Princesa era tua filha. O príncipe que ainda não tinha morrido “completamente”, ao ouvir que esteve apaixonado pela sua própria irmã tendo ele tocado uma vez nas suas maminhas, pega noutra espada e espeta-a noutra parte do corpo. Mãe- Entretanto a Rameira ao aperceber-se daquilo corre para a cavalariça, mas sem antes dizer ao príncipe, que ainda não estava morto “O meu nome não é Forasteira, é Rameira e tu és precoce, porque é que achas que eu gostava tanto da cavalariça?” O Príncipe ao ouvir aquilo pega noutra espada e espeta-a noutro sitio do corpo e vê a forasteira que afinal se chamava Rameira fugir, montada no Garanhão que o Príncipe lhe comprara. Pai- Não morrendo ainda, o Príncipe espetou várias espadas em vários sítios do corpo nunca sucumbindo, tendo que viver o resto da sua vida tetraplégico, alimentado a papas, de olhos fixos, estrábicos sem dizer uma única palavra. E viveram felizes para sempre. C.V- Papá. Pai- Sim Capuchinho Mãe- Verde C.V- O que é que isso tem a ver com os decapitados. (A mãe e o pai riem como se fosse lógico) Pai- Durante este tempo noutro sitio qualquer que se chamava “Sitio Qualquer” um dos guardas que expulsou a menina foi decapitado por uma pessoa qualquer que se chamava Pessoa Qualquer. C.V- E como é que se chamava o guarda papá? Pai- Capuchinho Mãe- Verde Pai- Claro que o guarda se chamava José. Vá, sai de cima do pai que o papá já acabou. C.V- Foi a melhor história que eu já ouvi. Pai- Tu também não estiveste nada mal Capuchinho Mãe- Verde. C.V- Obrigado papá. Mãe- Vá, todos para a mesa. (Começam a comer, estão algum tempo calados) C.V- É tão bom, papá e mamã, estar à mesa a saborear este belo prato de rins e estômago de judeus gaseficados. Pai- Pois… Cala-te. Mãe- Pai… Então diz lá Capuchinho Pai- Verde Mãe- o que é que fizeste hoje enquanto eu e o teu pai trabalhávamos exaustivamente em 4 empregos diferentes cada um, e mais o que eu rendo por fora para te pormos esta comida na mesa para jantar? C.V- Ah, nada de especial, fui passear pela floresta e estive com os meus amigos a lançar pedras aos vagabundos que nos pediam de comer. Pai- Capuchinho Mãe- Verde Pai- já sabes que eu não gosto que andes a lançar pedras a vagabundos… para a próxima usa isto. (Dá-lhe uma pistola) C.V- Obrigado papá. És tão bom para mim. Pai- tu também és boa. Mãe- mas diz lá. Com quem é que estiveste hoje? C.V- Ah, estive com Preta de neve, com as irmãs da Cinderela, com a Cinderela… ah ah ah, roubamos-lhe os sapatos e batemos-lhe com uma abobada na cabeça, foi tão giro. E depois encontrei os Três Leitões. Mãe- ai é, já voltaram é? E o que é que eles estavam a fazer? C.V- Estavam a montar uma tenda. Mãe- Ai é, mas a casa deles caiu foi? C.V- Foi. Pai- Mas foi o Lobo Mau? C.V- Não, foi um Tsunami. Pai- oh, agora já não se está seguro em lado nenhum… no meu tempo é que era,. Não havia nada disto, andávamos des/ C.V- E depois fui/ Pai- Não me interrompas sua p/ Mãe- Capuchinho Pai- Verde Mãe- Pai… Pai- Vá, diz lá o que fizeste… C.V- E depois fui ter com a avozinha… (algum silêncio, começa a choramingar) Mãe- Que foi Capuchinho Pai- Verde? C.V- Não digo. Mãe- Vá, diz, tu sabes que podes falar connosco, desde que não seja uma coisa má, porque se for, já sabes que a única coisa que te acontece é seres chicoteada, agarrada a uma lâmpada e queimada algumas vezes com o charuto que o teu pai fuma nessas alturas especiais. Vá, diz. Pai- Vá fala minha/ Mãe- Capuchinho Pai- Verde C.V- Eu vou contar, mas prometem que não ficam chateados… Pai e Mãe- Sim prometemos. C.V. (A choramingar)- Quando fui visitar a avosinha ela comeu-me… Pai e Mãe- Ooooooooooohhhhhh, mas isso não é mau. Pai- Agora pára lá de chorar. C.V- Não paro… Pai- Pára! C.V- Não Mãe- Pára e come! C.V- Não Pai- Já te disse para parares! C.V- Não Mãe- Pára! C.V- Não Pai- Para senão eu digo Aquilo C.V- Não Pai- Olha que eu digo! C.V- Não tens coragem papá Mãe- Cala-te. C.V- Não Pai- Cala-te minha p/ Mãe- Capuchinho Pai- VERMELHO (Silêncio, O Capuchinho Verde sai a chorar com a pistola e depois de um silêncio ouve-se um tiro) Pai- Isso passa-lhe… (A cortina fecha)

Cova aberta por Nuno Preto

A Greve e a Mosca Monólogo para uma mulher e alguma coisa a fazer de mosca (O espaço deve ser pequeno, como uma caixa pequena preta, não deverá existir muita informação e muito ruído de espaço. Nessa caixa existe apenas uma escadaria que não tem fim em perspectiva ou ponto de fuga) Mulher – Boa noite… eu vou ser breve nesta introdução… Antes de começarmos este nosso protesto, que não nos pertence apenas a nós como a todos os portugueses que se vêm nesta fase difícil do nosso país, sim… o nosso pai, portugueses e portuguesas recenseados que votam nos representantes certos para governarem este belo país que é o nosso, o dos portugueses e portuguesas que se vêm de mãos e pés atados por esta nobre causa, que com tanto orgulho defendemos… Esta causa que já há muito nos acompanha a todos e que nos importuna a todos, uma questão que não nos pode ficar alheia, temos de tomar medidas… drásticas… se necessárias, até que os responsáveis nos ouçam, nos escutem, a nós portugueses e portuguesas que se vêm afectados com este problema que nos acompanha arduamente nos dias de calor, nos dias calmos de verão quente no nosso tranquilo lar… Um lar que deve ser nosso, um verão que deve ser de paz, de tranquilidade, de tranquilidade… de paz… (primeira aparição da mosca), Nós… portu… de paz… que defen…contra… (a mosca vai embora, a mulher fica parada a olhar para a frente sem saber em que parte do discurso ia, decide começar de novo porque se perdeu, diz o texto muito rápido) Boa noite… eu vou ser breve nesta introdução… Antes de começarmos este nosso protesto, que não nos pertence apenas a nós como a todos os portugueses que se vêm nesta fase difícil do nosso país, sim… o nosso pais, portugueses e portuguesas recenseados que votam nos representantes certos para governarem este belo país que é o nosso, o dos portugueses e portuguesas que se vêm de mãos e pés atados por esta nobre causa, que com tanto orgulho defendemos… Esta causa que já há muito nos acompanha a todos e que nos importuna a todos, uma questão que não nos pode ficar alheia, temos de tomar medidas… drásticas… se necessárias, até que os responsáveis nos ouçam, nos escutem, a nós portugueses e portuguesas que se vêm afectados com este problema que nos acompanha arduamente nos dias de calor, nos dias calmos de verão quente no nosso tranquilo lar… Um lar que deve ser nosso, um verão que deve ser de paz, de tranquilidade, ah (acalma o ritmo, já se lembra), em que todos gostaríamos de (entra de novo a mosca)… ser… cabra… anda cá… de ser… grande pu… livres… de matar a grande filha da… (pousa no nariz da mulher, ela enquanto diz o texto avança com a mão para matar a mosca), um lar que deve ser nosso, temos de formar piquetes de greve, temos de acorrentarmo-nos às grades, chamar a comunicação social, os jornais, a televisão, a rád… (a mosca foge e ela falha, dá um estaladão nela própria. Dá-se conta do que fez, volta a ficar parada a olhar para o publico, pega num megafone), temos de lutar contra as injustiças sociais, contra as pessoas que deixam restos no prato aqui, quando existem pessoas a morrer à fome lá, contra a globalização e tudo o que ela engloba, contra os mais ricos, temos pintar as paredes como forma de protesto, e se alguém disser alguma coisa respondemos que é arte publica, temos de atirar papeis para o chão com o “Não à guerra”, temos que lutar contra a poluição das praias, temos de lutar contra (entra de novo a mosca)(pausa), Fascista, machista… E outra série de insultos que não podem ser aqui referidos, pois não são democráticos o suficiente.
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